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O fruto de abraçar a sua sombra

Sombra é uma palavra que nos foi legada pelo psicólogo Carl Jung. Ele a chamou de arquétipo, ou um padrão de percepção que todos nós temos na consciência. Refere-se a parte secreta e freqüentemente amedrontada de nós mesmos, que em geral gostamos de manter oculta e fingir que não existe. O mérito de Jung foi identificar essa sombra como uma força positiva e um caminho para a autocompreensão. Uma sombra oculta pode causar problemas, pois é um inimigo que não conhecemos. Mas se olhamos para essa parte escondida de nós mesmos e aprendemos a abraça-la, aumentaremos nossa autocompreensão e transformaremos um inimigo nu, fruto maravilhoso.

O processo de Parar nos dá tempo de encontrar e por fim abraçar a sombra. Quando dou uma Parada, vejo coisas dentro de mim que normalmente ignoro. As conversas comigo mesmo, dentro da minha cabeça, se passam mais ou menos assim: “Vejo que minha sombra é na realidade uma déspota invejosa e ciumenta”. Não gosto dessa parte de mim, mas sou obrigado a admitir que ela existe. Geralmente meus sentimentos de inveja ficam sob controle, mas às vezes pulam para fora e me criam problemas. Ou então eu faço e digo coisas que não faria nem diria se pudesse escolher racionalmente. Se eu tomar contato com esse meu eu invejoso e ciumento e tentar descobrir o que ele quer e precisa me dizer, eu talvez possa transformar essa energia e aproveita-la positivamente.

Abraçar a sombra é reconhecer que nada é só branco ou preto, mas um pouco de cada. Quando projetamos nossa sombra para fora isto é, quando apontamos a outra pessoa como sendo a única causadora do problema estamos negando a sombra dentro de nós. A verdade é que não há um império do mal, nem um grupo ou indivíduos que sejam a causa de nosso sofrimento e dos males do mundo. Todos nós somos responsáveis. Quando negamos ou evitamos nossa sombra, ela não apenas nos domina de forma perversa, como pode causar grande mal – até mesmo a morte – a nós e a outras pessoas.

Parar é um processo através do qual você pode – principalmente se isso for assustador para você – ir gradualmente apertando a mão da sua sombra. O importante é reconhecer, em primeiro lugar, o seu desejo de em algum momento abraçar sua sombra. A partir daí você pode com maior segurança, controlar o processo, levando-o no seu próprio ritmo. O problema principal do que chamamos de “pecado” não é o mal em si, mas a recusa em reconhece-lo. Tanto o bem quanto o mal estão sempre em nosso corações. Só quando conseguimos reconhecer isso é que somos capazes de passar da infância para a maturidade, da correria e da fuga para a paz e a justiça.

Vamos falar dessa “inocência perigosa e terrível”. Inocência terrível é aquela atitude em que, mesmo face a face com o mal, nós o negamos, o evitamos, fingimos que não o estamos notando, ou simulamos ignorância, apesar de no fundo do nosso coração sabermos realmente o que está acontecendo. É terrível e perigosa porque nos permite ficar inertes na presença do mal.

É essa Sombra que Parar pode nos ajudar a revelar a cura.

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