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O fruto da atenção

A atenção nos faz ficar despertos e recordar. Ela nos ajuda a perceber o que existe dentro de nós, o que é importante para nós e o que nos atrai. Ela torna a pessoa Parada consciente do que está passando naquele exato momento e recordando tudo o que é significativo para ela.

As distrações são o arqui-inimigo da atenção. E quando falamos em distrações, nos referimos ao que desvia nossa atenção do essencial. Muitos de nós estamos tão ocupados, tão sobrecarregados e portanto tão espiritualmente adormecidos, que passamos a nos mover sem pensar de uma distração para outra: acordar, tomar o café da manhã, correr para o trabalho, trabalhar o dia inteiro, voltar para casa, comer, assistir tevê e ir para a cama. Embora esteja se movimentando, você pode passar o dia todo como se estivesse dormindo, sem saber por que está seguindo essa rotina incessantemente e nem mesmo se quer realmente segui-la. Ou talvez seu dia todo seja gasto dando atenção aos outros: seus filhos parceiros, fregueses, clientes ou patrão. E assim passa a vida. O tempo para você mesmo fica perdido, esquecido. Perder a noção do tempo e das datas é um sinal de distração.

Num estado desses, acabamos sendo impelidos por aquilo que fizer mais barulho ou pela demanda mais exigente. Se não temos consciência dos nossos objetivos, se não percebemos o que estamos fazendo ou por que estamos fazendo, ao menos parcialmente, estamos distraídos. Isso nos faz colocar as coisas menos importantes em primeiro lugar, preterir as prioridades e botar o carro na frente dos bois.

As mentiras que atraem sua atenção e motivam suas escolhas também são distrações. Algumas propagandas constituem grandes exemplos de distrações. Algumas propagandas constituem grandes exemplos de distração. O anúncio afirma enfaticamente: “Isso é importante, você não pode passar sem isso”, e na maioria das vezes mente, e até nos insulta, pressupondo que não percebemos que aquilo é mentira. Crescemos acostumados a isso, o que dá ainda mais poder à publicidade. Escute só: “Torne-se mais maravilhosa usando este sabonete”, “Fique por cima comprando este carro” e “Seja amado tendo este cartão de crédito”. Como se um sabonete pudesse fazê-la maravilhosa, ou dirigir uma marca de carro pudesse colocá-lo no topo de qualquer coisa de valor. E se o amor resulta de um cartão de crédito, é melhor descartar os dois. Quando estamos atentos, sabemos quais são as nossas maravilhas, o que é que constrói uma verdadeira relação de amor e o que tem valor na vida. Quando não estamos atentos, acabamos sendo guiados e manipulados por quem não dá a mínima pela nossa felicidade.

Quando não prestamos atenção, corremos o risco de confundir o valor das coisas. Um vestido elegante ou uma raquete de tênis podem dar muito prazer, mas não acrescentam nada ao que somos ou valemos essencialmente. Isso não quer dizer que devemos deixar de admirar, desejar e usufruir coisas materiais: o vestido ou a raquete dão alegria, mas devemos mantê-los em sua devida dimensão. É só uma questão de equilíbrio. Quando estamos distraídos e esquecemos o que é verdadeiro e importante para nós, tendemos a cometer erros: eu esqueço onde coloquei um documento necessário, trago o livro errado para a reunião, ou compro a bateria errada, apesar de que preciso. Quando seguimos em frente sem parar, aumentamos as chances de cometer um erro ao longo do caminho.

Prestar atenção tem a ver com observar. Gosto muito da expressão observar porque ela nos fala de calma e serenidade. Quando observamos coisas ou momentos, nós os absorvemos, os levamos em consideração e tomamos nota deles. Tornam-se nossos, não de maneira possessiva, mas de modo amigável e útil. Ao refletir sobre a semana que passou , vou notando alguns momentos. Meu sobrinho de dois anos veio me anunciar glorioso: – Eu “nadi” na piscina sozinho! – A caminho do trabalho vi na estrada um ipê todo florido. O telefonema que dei para um amigo que não via há algum tempo coincidiu, por acaso, com a festa do seu quadragésimo aniversário. Terça-feira o dia começou frio e enevoado, mas ao meio-dia abriu um sol magnífico. No Sábado, em vez de sair de casa, fiquei ouvindo música e lendo um bom livro no aconchego do meu escritório.

Todos esses são apenas pequenos momentos entre os milhares de minha vida, tal como você na sua. Por que notá-los? Eles são lembretes, eles o formam , aprofundam sua alma, ajudam a pôr as coisas na ordem correta, ligando-o ao mundo e mantendo-o desperto. E, ainda por cima, eles lhe trazem imenso prazer.

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