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Família, Novas configurações,Novos problemas, Novas soluções.

A família sofreu muitas mudanças nas últimas décadas, e hoje encontramos famílias com variadas configurações. Isto leva à muitas dúvidas e angústias sobre qual são as formas mais adequadas de lidar com as novas situações familiares. Essas questões surgem nos integrantes das famílias, nos terapeutas e em todos os profissionais que interagem com elas. 

Novas configurações

Hoje encontramos famílias com configurações muito diferentes da tradicional família pai, mãe, filhos.

  • Famílias monoparentais
    O número de famílias sob responsabilidade de um só dos progenitores cresce mais a cada dia. Na maioria das vezes são mulheres que tomam cargo sozinhas das tarefas de criar e educar seus filhos. 
  • Famílias de casais homossexuais
    Também está crescendo o número de casais homossexuais que estão tendo seus próprios filhos, assumindo os filhos do/da parceira ou adotando crianças e formando uma família. 
  • Famílias com agregamento de muitos subgrupos
    Não é raro encontrarmos famílias onde seus membros fazem parte de várias outras famílias. PODEM SER DESDE o já quase tradicional “os meus, os seus, os nossos” ATÉ algumas situações mais diferentes, como por exemplo o filho de um rapaz, que após a separação do seu pai com sua madrasta ficou morando com a   madrasta e a filha dela, que não era filha do seu pai. 

Novos problemas

Com essas novas configurações e situações, além das dificuldades com a criação dos filhos e adaptações necessárias, inerentes a todas as famílias, surgem também problemas novos. 

  • Afastamento na relação com pais
  • Funções parentais confusas
  • Envolvimento de crianças em guerras relacionais de adultos
  • Distanciamento de vínculos familiares da família extensa
  • Dificuldades nos sentimentos de pertencimento
  • Confusões na estruturação de identidades pessoais e familiares

Novas soluções

Todas as propostas de soluções são um desafio a vencer, pois significam encontrar uma forma nova para lidar com as situações, sem esquecer os sentimentos desencadeados e as pessoas envolvidas. Isso significa:

  • Aceitar um modelo de família diferente do padrão tradicional. 
  • Tomar consciência dos sentimentos e  preconceitos.
  • Flexibilizar, ter criatividade para possibilitar mudanças e arranjos necessários e funcionais.

Divórcio

Cuidados importantes no divórcio formal e no divórcio emocional:

  • Enxergar o divorcio como uma etapa, uma tarefa, e evitar transformar em uma  guerra;
  • Assumir a decisão, aceitar sua parte no que aconteceu com o  casamento;
  • Planejar a separação do sistema. Isto inclui apoiar arranjos viáveis para todas as partes do sistema, resolver  cooperativamente os problemas da custódia, manter a família unida apesar do divórcio;
  • Continuar um relacionamento co-parental cooperativo e o sustento financeiro dos filhos;
  • Viver o luto pela perda da família intacta; · 
  • Lutar para a reestruturação dos relacionamentos da díade progenitor-filhos e das finanças;
  • Adaptar-se a viver separado, mas  mantendo o parentesco com a família maior;
  • Elaborar o divórcio emocional: superação de mágoa, raiva, culpa; luto pela perda da família intacta; abandono das fantasias de reunião, permanecendo a conexão com as famílias ampliadas;
  • Para o  cônjuge que fica com a custódia dos filhos existem várias  tarefas e aprendizagens: continuar com disposição para manter as responsabilidades financeiras;  continuar o contato com o ex-cônjuge e apoiar o contato dos filhos com o ex-cônjuge e sua família;  fazer arranjos flexíveis de visita com o ex-cônjuge e sua família; reconstruir os próprios recursos financeiros; reconstruir a própria rede social;
  • Para o cônjuge que não fica com a custódia dos filhos, as tarefas e aprendizagens são também importantes: continuar com disposição para manter o contato com o ex-cônjuge e apoiar o relacionamento dos filhos com o progenitor que tem a custódia; descobrir maneiras de manter uma paternidade/maternidade efetiva; manter as responsabilidades financeiras com o ex-cônjuge e os filhos; reconstruir a própria rede social.

Recasamento

  • Planejar o novo casamento e a nova família aceitando os próprios medos e os do novo cônjuge, como também os medos dos filhos, em relação ao fato;
  • Aceitar a necessidade de tempo e paciência para o ajustamento às complexidades e ambigüidades de: múltiplos papéis novos, fronteiras, espaço, tempo, condição de fazer parte da família, autoridade, questões afetivas, culpa, conflitos de lealdade, desejo de mutualidade, mágoas passadas não resolvidas;
  • Trabalhar a honestidade no novo relacionamento, para evitar os mal-entendidos;
  • Planejar a manutenção de relacionamentos financeiros e de co-paternidade cooperativos com os ex-cônjuges;  
  • Planejar uma forma de ajudar os filhos a lidarem com seus medos, conflitos de lealdade e as condições de fazerem parte de dois sistemas;
  • Reorganizar os relacionamentos com a família ampliada para incluir o novo cônjuge e filhos;
  • Planejar a manutenção das conexões das crianças com a família do(s) ex-cônjuge(s);·     
  • Possibilitar fronteiras permeáveis para inclusão do novo cônjuge (padrasto ou madrasta);
  • Realinhar os relacionamentos e arranjos financeiros em todos os subsistemas para permitir o entrelaçamento de vários sistemas;
  • Criar espaço para os relacionamentos de todos os filhos com os pais biológicos, avós e o restante da família ampliada;
  • Compartilhar lembranças e histórias para aumentar a integração da nova família;

Família uniparental

  • Manter o contato dos filhos com a família do pai/mãe ausente;
  • Estabelecer relações de apoio e ajuda;
  • Manter vivos  os dados e as histórias vividas com o pai ausente;
  • Adequar a função e autoridade de avós que desempenham funções de pais;
  • Manter a autoridade e a função parental do genitor presente.

Casamentos homossexuais

  • Possibilitar que todos os envolvidos acessem e lidem com seus sentimentos e/ou preconceitos;
  • Manter as funções necessárias para o desenvolvimento e crescimento da família.

Outros modelos de casamentos

  • Aceitar as mudanças, lidando com os sentimentos, preconceitos e dificuldades inerentes;
  • Ficarem atentos às necessidades de renegociações, de reformulações para as funções familiares serem cumpridas.

Sejam quais forem os modelos e configurações das novas famílias, o foco deverá ser sempre possibilitar que as tarefas e funções parentais sejam desempenhadas de forma adequada para o crescimento e desenvolvimento físico e emocional das crianças e adolescentes.

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