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AUTO – ESTIMA NÃO É VAIDADE

AUTO – ESTIMA NÃO É VAIDADE

Costumamos usar uma série de palavras com o intuito de descrever certas sensações de bem-estar e de prazer que buscamos insistentemente. Falamos em auto-estima, orgulho, amor-próprio, honra e vaidade sem nos darmos conta de que nem sempre correspondem ao mesmo processo íntimo. Vamos tentar separar os dois ingredientes mais importantes envolvidos nesses sentimentos, que são os que tem a ver com a auto-estima e com a vaidade.

A auto-estima corresponde a uma sensação íntima de bem-estar relacionada com termos sido capazes de executar alguma tarefa à qual nos propusemos. Por exemplo, se decidirmos que iremos acordar todo dia às 6 horas para fazer 1 hora de ginástica e, de fato, assim procedermos, o resultado será uma enorme satisfação interior. O mesmo vale para alguém que se propõe a estudar inglês, a perder peso etc. O assunto é irrelevante. O que conta é a pessoa determinar para si uma tarefa e conseguir realizá-la. Auto-estima tem a ver consigo mesmo. É estar feliz com o próprio desempenho.

A vaidade é totalmente diferente. Depende de observadores externos, pessoas que nos aplaudam e nos admirem. A gratificação da vaidade depende de sermos capazes de nos destacar. A partir da adolescência, esse ingrediente da nossa sexualidade se torna muito importante. Se, durante a infância, queremos ser iguais aos nossos amiguinhos, a partir da puberdade, desejamos ser especiais e únicos para atrair os olhares que nos excitam.

No que diz respeito à vaidade, é possível que as pessoas sejam capazes de enganar os observadores. Um rapaz poderá, por exemplo, ganhar do seu pai um carro muito bonito e menos comum. Isso despertará olhares de admiração por parte de muitas moças, além de inveja de muitos rapazes – o que sempre tem a ver com a admiração. A vaidade do rapaz poderá se satisfazer muito com esses olhares e ele irá se sentir especial e importante dirigindo aquele carro. A vaidade está gratificada e a auto-estima, rebaixada, uma vez que intimamente ele sabe que os méritos não podem ser creditados a si mesmo e sim ao carro ou ao pai, que com seu esforço o comprou.

É evidente que existem condições nas quais a auto-estima e a vaidade caminham na mesma direção. Se eu escrevo este artigo e fico satisfeito com ele, minha auto-estima cresce. Ao ser publicado, se os leitores o aplaudirem ,isso fará muito bem à minha vaidade. Nesse caso, o reconhecimento externo aumenta ainda mais minha auto-estima. Porém, se não gostar do que escrevi, não haverá aplauso no mundo que irá me fazer bem de verdade.

A vaidade faz parte de nosso arsenal instintivo, de modo que jamais irá desaparecer de nossa psicologia. Não tenho nada contra esse tipo de prazer, desde que as pessoas não se iludam e lhe atribuam uma importância indevida. O que interessa mesmo é a auto-estima, que depende de uma avaliação interna, na qual nós mesmos nos sentimos satisfeitos com nossos comportamentos.

Vaidade depende apenas do mundo das aparências, ao passo que a auto-estima depende da nossa essência. E aqui não existem as possibilidades de engano, pois podemos iludir os outros, mas não a nós mesmos.

( Dr. Flávio Gikovate, psiquiatra)

Ao contrário da vaidade , a auto-estima tem a ver consigo mesmo. É estar feliz com o seu próprio desempenho.

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