1. Introdução
Esta
forma de compreender e lidar com os Mitos Familiares na psicoterapia
Sistêmica, organizou-se a partir do estudo dos Mitos em geral, da
Teoria Geral dos Sistemas, dos escritos e ensinamentos da psicóloga
Zélia Nascimento, e das reflexões teóricas e clínicas das
Psicólogas Tereza Christina F. B. Paulus e Solange Maria
Rosset.
A proposta Relacional
Sistêmica pressupõe a compreensão mítica familiar para facilitar
a definição das aprendizagens e mudanças que o sistema necessita
realizar ( seja ele um sistema Indivíduo, Família, Casal ou Grupo).
2. Lei, Regra e Estratégia
A organização de um sistema se apoia nas suas Leis, Regras e Estratégias (que estão ligadas aos valores do sistema).
As Leis são:
imutáveis
inconscientes
irracionais
inflexíveis
A palavra que acompanha a definição de uma Lei é – “E” – O que significa que aquilo que a Lei diz, é assim, é verdade absoluta para aquele sistema.
As
Regras
são : ou + ou – mutáveis
semi
conscientes ou sub conscientes
ou
+ ou – flexíveis
lógicas
A
palavra que acompanha a definição de uma Regra é – “Tem
que”
– O que significa que aquilo que a Regra define, tem
que ser,
ou não
deve ser,
ou não
pode ser
daquela forma.
As Estratégias são: mais conscientes
mais racionais
mais flexíveis
A palavra que acompanha a definição de uma Estratégia é -“Pode”- O que significa que aquilo que a Estratégia determina pode acontecer ou não acontecer desta forma.
Se
alterarmos as Leis -> o Sistema se desestruturará (com risco de
cisão total).
Se alterarmos as
Regras -> ocorrerá uma alteração fundamental no
sistema.
Se alterarmos as
Estratégias -> acontecerão mudanças no funcionamento e
organização do sistema.
Quanto
mais funcional for um sistema, ele terá menos Leis, poucas Regras e
mais Estratégias.
Quanto menos
funcional for o sistema, ele terá mais Leis rígidas, muitas Regras
rígidas e poucas Estratégias
O
objetivo da Terapia na proposta Relacional Sistêmica, é alterar as
Estratégias, flexibilizá-las, e possibilitar a aprendizagem e
criação de novas Estratégicas.
Num
segundo momento (se houver condição para isso) se trabalhará com
as Regras.
Através das alterações
nas Estratégias vai se flexibilizando as Regras e todo o sistema.
3. Ideal, Rito e Mito
Lei <-> Mito
Regra <-> Rito
Estratégias <-> Ideal
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Ideal (1) – são objetivos e metas que o sistema se propõe. São coerentes com o momento, adequados. São funcionais. São flexíveis, reorganizáveis. Se organizam Ideais numa 1ª geração.
Esse
Ideal pode ser: – atingido (2), e passa-se a criar novos ideais (3).
–
não atingido (4), e será abandonado (5) e passa-se a criar novos
ideais (6).
–
deixar de ser coerente (7), deixar de ser funcional –
> porque foi atingido e não se criam novos ideais e então se cristaliza, ou
> porque
não foi atingido e criou-se uma situação disfuncional, onde não
circulam as informações, enrijece e estabelece um
segredo.
Neste caso, o que era
Ideal (7), enrijece, torna-se disfuncional (8) e passa para a geração
seguinte como Rito (9).
Rito
(“Tem que”) (9) – é a repetição, de forma mais ou menos
inconsciente e fixa de um comportamento, de fatos etc.
Se
houverem circunstâncias (10) que possibilitem a tomada de
consciência (pessoas, terapeutas, relações, crises, situações
etc.) a pessoa pode vir a recriar Ideais (11) (e se tornaria, então,
1a geração).
Se não surgirem
estas circunstâncias, repete-se, repete-se, (12) até passar para a
geração seguinte como Mito (13).
Mito – (13) É inconsciente. Não é falado, mas define a maior parte das situações de vida. É um objetivo irracional, disfuncional e inadequado ao momento e ao contexto. O que mantém o Mito é o segredo.
Determinismo
mítico
– (14) Vem embutido no Mito um determinismo mítico, que define o que
deve e o que não pode ser feito. (É inconsciente).
Se
o sujeito quebrar este determinismo (15), fica sob o risco do
castigo, de ter desobedecido, de ter ousado fazer diferente.
(Maldição mítica (16)). É sempre ligada à morte ou loucura,
sexo, $.
Se a pessoa não se
rebelar, vai cumprir simplesmente o determinismo. (17)
Se
a vida e as circunstancias possibilitarem, (terapeuta, terapia,
situações, relações, etc..) pode-se com consciência ou sem
consciência do fato, transformar (18) a maldição mítica em Missão
mítica (19).
A Missão
Mítica
seria : mantendo o determinismo mítico alterar-se a conotação.
Transmutar a energia.
A
avaliação sempre deverá ser trigeracional ® o que é sintoma
agora pode ter sido Rito na geração anterior. O que é Rito hoje
pode ser sintoma na próxima geração.
O
segredo se forma ligado a temas de sexualidade, $, ou morte (ou
loucura). Portanto os mitos são sempre ligados a esses temas.
O
sintoma pode ser uma tentativa de flexibilizar o Mito, ou a
explicitação da pressão mítica ou a punição por ter quebrado o
determinismo.
Os Mitos definem e preservam a identidade do sistema, e se transmitem transgeracionalmente. O caminho mítico é da 1ª para a 2ª e para a 3ª geração, de forma transversal, ou seja do avô materno para a mãe para o filho. Da avó paterna para o pai e para a filha.
O
homem passa suas questões míticas para a sua filha que passará
para seu neto.
A mulher passa suas
questões míticas para seu filho que passará para sua neta.
Tarefa -> descobrir uma forma de transformar a maldição mítica em missão mítica. Usar o mesmo conteúdo de uma forma criativa e funcional.
Texto escrito em 1990 e reorganizado em 1999.